Superação nas Dez Milhas Garoto: A História de um Atleta Amador

Superação nas Dez Milhas Garoto: A História de um Atleta Amador

A experiência de voltar às corridas e estrear na corrida mais incrível do Brasil.

Me chamo Arnóbio e sempre fui um entusiasta do esporte, tendo me aventurado no surf, na luta e, é claro, nas corridas de rua. Neste ano, resolvi encarar novamente o desafio das corridas, após um intervalo de 15 anos.

Minha história com a Dez Milhas Garoto remonta a muitos anos atrás, quando participei de 11 edições da corrida. Comecei em 1999, em uma época em que a cultura esportiva não era tão difundida quanto hoje. A corrida era pouco conhecida, não recebia a atenção das redes sociais, e a internet estava apenas engatinhando. Hoje, as Dez Milhas é uma corrida amplamente reconhecida e correr nela representa um marco na busca por superação e saúde.

Além disso, o percurso desta corrida tem um elemento especial que a diferencia de todas as outras corridas famosas do Brasil: a passagem pela terceira ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha, proporcionando uma vista surreal.

Depois de todos esses anos, decidi encarar novamente essa corrida para testar minha resistência aos 42 anos. Realizei algumas corridas de 5, 8 e até 10 km durante a semana, sem um treinamento específico para o evento. Minha decisão de participar foi impulsionada por um grande amigo, um corredor experiente, que me incentivou com palavras de encorajamento, dizendo: “Vai lá, você não tem nada a perder. Já participou tantas vezes antes.” Fui contagiado por sua empolgação.

Decidi compartilhar essa empolgação e convidei meu parceiro de aventuras, o empresário Rafael Motta o famoso “MOTINHA”, e o Anderson, um grande amigo e sargento da polícia militar do Espírito Santo, ambos com níveis de preparo semelhantes ao meu, ou seja, correndo ocasionalmente.

A corrida das Dez Milhas Garoto completou 32 anos em 2023, e foi uma celebração incrível nas ruas de Vila Velha e Vitória, com mais de 12 mil inscritos, um crescimento surpreendente em comparação aos 2 mil participantes das primeiras edições.

O domingo da corrida começou magnífico, com um céu sem nuvens e um sol radiante. Fomos até Camburi para aproveitar a animação antes da largada, e todos estavam empolgados. Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas – de 2 mil para 12 mil, uma verdadeira transformação.

A largada foi dada, e logo percebi algo diferente: o percurso havia mudado. Antigamente, a corrida começava em direção a Vila Velha, mas desta vez iniciou na direção oposta por cerca de um quilômetro antes de retornarmos na direção da Terceira Ponte.

Até aquele momento, tudo estava bem, com muita alegria e empolgação, mas o sol escaldante indicava que o desafio estava apenas começando.

Eu e Philipe Lacerda, amigão de Linhares, foi incrível encontrar com ele, aliás, ele que botou a pilha para correr… kkkk
Philipe Lacerda atleta sinistro, Eu e Motinha

Enquanto seguíamos adiante, olhava para meus companheiros, Motinha e Anderson, e via a mistura de animação e seriedade em seus rostos. Sabíamos que não seria fácil, e o momento mais difícil ainda estava por vir.

Passamos pela Ponte de Camburi, onde a vista dos barcos ancorados na Praia do Canto era deslumbrante.

Continuamos pelo Shopping Vitória e pela Assembleia Legislativa, e quando chegamos aos 5 km de corrida, avistamos o maior obstáculo e o trecho mais bonito do percurso: a travessia da Ponte, uma subida íngreme de cerca de 1,5 km, totalizando 3,33 km no topo da ponte. Foi nesse momento que percebi que a situação estava complicada e que iria piorar.

A travessia da ponte foi incrivelmente desafiadora. Olhava para meus parceiros e via o sofrimento misturado com determinação em seus rostos. O sol escaldante tornou tudo ainda mais difícil, mas, ao mesmo tempo, a energia do lugar e das pessoas ao redor nos impulsionava. O sofrimento era grande, mas a energia da multidão era maior, e isso nos ajudava a seguir em frente.

Neste dia em particular, vi muitas pessoas passando mal devido ao calor e ao esforço físico extremo. Alguns precisaram de ajuda médica. Foi uma prova de resistência para muitos. No entanto, a maioria aproveitava para registrar o momento nas redes sociais. Foi simplesmente incrível.

Após a travessia da ponte, entramos na cidade de Vila Velha, uma cidade maravilhosa e bem administrada.

Arnaldinho Borgo Prefeito de Vila Velha

Corremos pelos bairros em direção à orla da Praia da Costa, uma praia deslumbrante e repleta de pessoas bonitas.

O calor continuava a castigar, alegria para alguns, tormento para outros. Eu, assim como meus amigos, estava exausto, mas nos agarrávamos à nossa determinação e às corridas semanais que fazíamos, mesmo sabendo que não era o suficiente.

Observando ao redor, percebia que meus amigos estavam na mesma situação, exaustos, mas perseverantes. Finalmente, nos dirigimos ao bairro da Glória, onde está localizada a fábrica da Chocolate Garoto e onde a corrida chegaria ao fim.

Resumindo, completamos a corrida como verdadeiros guerreiros, sem problemas de saúde, o que é essencial. Tenho que admitir que foi extremamente difícil, mas serviu como motivação para treinar e me preparar para a próxima edição.

Conseguimos concluir a corrida em 2 horas e 10 minutos, e posso garantir que foram as duas horas mais desafiadoras da minha vida até então. No final, a recompensa pela superação não tem preço.

Para quem está lendo este relato, deixo uma dica: treine intensamente e venha experimentar as Dez Milhas. Será uma experiência incrível, mas venha preparado, porque esta é uma corrida de nível avançado.

Parabéns a todos os que participaram e aos organizadores. Foi uma experiência incrível! Nosso estado do Espírito Santo é realmente especial!

Até a próxima aventura!

Alécio Salazar Paganotto e Arnóbio Manso Paganotto

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Gustavo Personal Trainer da Academia Oficina de Lazer e Nobinho