Entrevista com Vereador Flávio Pires: “Quando a vaidade é deixada de lado, quem ganha é a comunidade”
O bairro Itapuã é uma das áreas mais valorizadas da cidade de Vila Velha. O metro quadrado de um imóvel chega a custar R$ 9 mil.
Mesmo assim, quem mora no bairro costuma reclamar, principalmente, de dois sérios problemas: Dos alagamentos constantes, em dias de chuva e da criminalidade, atribuída à concentração de dependentes químicos em situação de rua.
Especialistas em planejamento urbano apontam que a ocupação desordenada, o avanço do perímetro urbano, a impermeabilização do solo, a canalização dos rios, o assoreamento de cursos d’água, dentre outros fatores, são responsáveis pelo histórico de alagamento, que se estende há décadas.
No que diz respeito ao problema da segurança, comerciantes e moradores afirmam que assaltos a pedestres, arrombamentos e furtos ocorrem diariamente.
Em 2022, de acordo com dados do Painel de Crimes Contra o Patrimônio, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), houve 457 registros de ocorrências, em Itapuã. Desse total, 231 pessoas foram roubadas em vias públicas e 83 estabelecimentos comerciais foram furtados, além de 70 furtos a residências e condomínios.
O jovem vereador Flavio Pires (Agir), de 37 anos, foi eleito em 2020 para seu primeiro mandato, com 1.830 votos. Ele já foi presidente da Associação de Moradores do bairro e sua proximidade com os anseios da população teve início ainda na juventude, quando acompanhava seu pai, o renomado médico humanitário Geraldo Pires.
Ele conversou com a reportagem do Portal Folha Vila Velha. Confira:
Defina sua relação com o bairro Itapuã.
Nasci em Vila Velha, estudei o Ensino Fundamental no bairro Alvorada, logo depois passei a estudar em Itapuã, no antigo colégio Nacional. O bairro tem tudo para ser uma cidade, pois é maior do que muitos municípios do interior do Estado, como Marechal Floriano e Afonso Cláudio, por exemplo. A população gira em torno de 14 mil habitantes. Poderia dizer que é uma cidade a parte, dentro de Vila Velha.
O bairro tem agências bancárias, comércio forte, bares, restaurantes, com um setor de gastronômica muito forte, além de uma orla linda. Sou suspeito, para falar, mas Itapuã tem uma das orlas mais bonitas de Vila velha. É um bairro que tem uma vocação imensa para a construção civil. É o bairro que mais cresce no município. É um bairro muito promissor.
Eu cumpri um mandato de 4 anos como líder comunitário e não quis disputar a reeleição. Acho importante essa alternância de poder, para dar oportunidade para outros grupos. Devido à boa aprovação, decidi, logo em seguida, me candidatar a vereador. A gente sabe que teve o trabalho aprovado pela comunidade. Fui o candidato a vereador mais votado de Itapuã, com mais de 500 votos.
O que representou para o senhor ser líder comunitário?
Ser líder comunitário é entender os problemas da população. Porém, o líder comunitário entende esses problemas, mas tem poucos recursos para promover mudanças significativas sozinho.
O líder é a voz da comunidade, que a representa oficialmente transmitindo seus clamores, representando-a nos diálogos com o prefeito, com os vereadores, com os secretários estaduais.
Eu tinha sempre em mente a ideia de ajudar. Me coloco no lugar das pessoas, como aprendi com meu saudoso pai. Mas o poder da liderança comunitária é um poder muito limitado. Achei que poderia ajudar mais as pessoas com um mandato de vereador.
Itapuã é um bairro que está bem amparado, no que se refere às políticas de base?
É nítido que essa gestão do prefeito Arnaldinho Borgo melhorou muito a situação do bairro. A gente conta hoje com três escolas públicas, sendo uma creche e duas escolas de Ensino Fundamental.
Recentemente, ganhamos a conclusão do posto de saúde, que fica no bairro Divino Espírito Santo, mas que atende muito a quem mora na comunidade de Itapuã. Esse posto, que inclusive leva o nome do meu pai, Dr. Geraldo Pires, presta atendimentos ambulatoriais diversos, como ginecologia, dermatologia e dentista.
Além disso, vamos ganhar nova pavimentação e rede de drenagem, em mais de 8 ruas, o que vai atenuar ainda mais os problema alagamento. Já assinamos a Ordem de Serviço junto ao governador Renato Casagrande, por isso Itapuã está crescendo muito e se desenvolvendo nessa gestão da Prefeitura.
Quais foram até agora, as suas principais recomendações à Prefeitura, sobre as necessidades da população do bairro?
Temos um trabalho, que foi feito em conjunto, com a verba de um deputado federal, no valor de mais de R$ 600 mil, para a reforma da Praça Agenor Moreira. Conseguir essas emendas, só faz sentido com a boa vontade do prefeito em executar as obras que a população precisa. Assim que essa verba federal foi disponibilizada, de prontidão o prefeito disse que ia executar e executou. A praça ficou linda! Atraiu novamente as famílias e as crianças para esse espaço que era marginalizado.
Nossa comunidade também sofria muito em termos de mobilidade urbana, porque o antigo Chalé Motel interditava uma das ruas. Com a demolição do motel, foi aberto esse pedaço, mas não tinha nenhuma pavimentação. Logo no início de mandato, pedimos e Arnaldinho atendeu à essa solicitação de transformar esse espaço, fazendo uma rua bem charmosa e turística. A alameda do amor.
Como o senhor analisa a gestão do Arnaldinho Borgo?
Ele tem surpreendido muito politicamente, e de uma forma positiva. É um prefeito atuante, que tem trabalhado e feito muitas coisas na nossa cidade. Ele tem atuado muito no campo social. Essa atuação é nítida. Ele tem realizado coisas aparentemente simples, mas que são de extrema importância para os munícipes.
É um orgulho grande ser da base aliada ao prefeito. Dá para ver que temos feito a diferença na vida das pessoas. Eu credito que nosso prefeito vai galgar coisas ainda maiores. A aprovação nas urnas, nesse ultimo pleito, para Deputado Federal, mostra que a população também tem aprovado o seu trabalho.
O senhor tem o bairro de Itapuã e Divino Espírito Santo como os principais elos da sua relação com as pessoas de Vila Velha. Quais as dificuldades de ser vereador em um município tão grande?
Eu fui o candidato mais votado em Itapuã, Divino Espírito Santo. Novo México também abraçou o nosso nome. Só que em momento algum, eu posso me esquecer de que sou um vereador de Vila Velha. Não somos vereadores só para determinadas comunidades. Conseguimos uma eleição graças a todos os votos que a gente teve pelo do município Por isso, precisamos trabalhar com muita convicção e seriedade, atendendo a todos aqueles que votaram.
Fale um pouco sobre seu partido, sobre a construção dessa sigla como referencia política.
O Agir é o antigo Partido Trabalhista Cristão (PTC). Essa foi a minha primeira eleição. Eu nunca havia disputado um cargo público. Fomos o primeiro partido a chegar à base do prefeito. A gente não é aliado recente de Arnaldinho. Nossa aliança é da época em que ele ainda era vereador.
O PTC apoiava Arnaldinho quando ele ainda representava menos de 4% de intenções de voto nas pesquisas. A gente já acreditava no futuro e no capital político dele. Estamos aí há quase dois anos com o mandato. Recebemos o convite do presidente nacional, Daniel Tourinho, para assumir a Executiva Estadual daqui. O partido não se saiu muito bem no último processo eleitoral. Nossa missão é reconstruir o partido no âmbito estadual.
Em Vila Velha, a gente está bem posicionado, temos uma base boa, com dois vereadores, além de uma relação muito bacana com o prefeito.
Como o senhor avalia a aliança entre Arnaldinho e Casagrande?
E uma aliança que já está dando certo. Os dois estão executando muitas obras. Quando a vaidade é deixada de lado, quem ganha é a comunidade. Eles estão de parabéns. Acho que há um futuro muito bacana para o município de Vila Velha, assim como para o Espírito Santo.
Como percebe a questão da Segurança pública em Vila Velha?
A Segurança Pública, em teoria, é um tema mais voltado ao Governo do Estado e que a Prefeitura tem o papel de auxiliar. Mas é nítido que o prefeito tem dado todo o suporte para a atuação da Guarda Municipal. E a gente sabe que pode confiar na Guarda. A prova dessa confiança foi a atuação da GM, na greve da Polícia Militar, que aconteceu em 2017, quando a Guarda segurou no peito as demandas do município.
E o prefeito tem dado toda a estrutura, com equipamentos novos, viaturas novas e a instalação de mais câmeras de videomonitoramento. Acho que estamos melhorando muito. Está havendo empenho e trabalho em conjunto, por isso acredito que os resultados virão.
E com relação à gestão da Câmara canela-verde?
O vereador muitas vezes é injustiçado. É o político que está mais próximo da população. É o que mais trabalha e é o mais massacrado. Nossa Câmara é composta por 17 vereadores.
O presidente da Câmara, Bruno Lorenzutti é uma pessoa muito séria, um amigo, um irmão. Eu o conheço, desde quando trabalhávamos na mesma assessoria. Ele tem feito uma gestão formidável na Câmara, trazendo tecnologia, proporcionando a estrutura necessária para os vereadores realizarem o melhor trabalho.
Posso dizer que a gente evoluiu 20 anos, nesses dois anos do Lorenzutti na gestão. Ele tem um futuro brilhante na política. Acredito na ascensão. Tenho uma amizade e uma admiração muito grande pelo presidente da casa.
Carlos Mobutto | Jornalista da AZ Jornais & Publicações Online
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